A polêmica da vez veio em forma de uma notícia não confirmada de taxação das importações com valor abaixo de 50 dólares, afetando nossas compras de brusinha na Shein e afins. Veio com muito julgamento moral em cima de quem compra nesses sites. O que é compreensível: a gente não sabe exatamente quais as condições de trabalho nas indústrias que produzem essas roupas, mas é notório que a mão-de-obra chinesa costuma ser bem mais barata.
A falta de transparência em relação à origem dos produtos vendidos nos sites chineses. Muitos produtos são produzidos em massa em fábricas sem nome ou marcas conhecidas, e pode ser difícil garantir que as condições de trabalho e os materiais utilizados sejam éticos e sustentáveis. E aí o pessoal puxa da manga o problema ambiental de todas as fast fashion e do lixão de roupas descartadas no Atacama, que de modo algum quero minimizar.
Mas…
E as pessoas que usam acima de 48-50, que nunca tiveram muitas opções no mercado nacional, e quando tiveram, a um preço exorbitante? E quem passou uma vida ouvindo lojista dizer “aqui não tem seu tamanho” quando mal pisou na loja? Vale moralismo pra cima de quem de repente, pela primeira vez na vida, tem escolhas do seu tamanho a um preço acessível?
Outra questão que sempre passa pela minha cabeça é: qual é o peso das nossas pequenas ações individuais na solução de grandes problemas coletivos? Será que o pouco que deixei de pagar de imposto nas minhas comprinhas de roupa pesou tanto assim na arrecadação da União? Que impacto ambiental teve aquela camiseta furada que eu usei anos como pano de chão e joguei fora quando ficou inviável? Quem descarta montes de roupas é o consumidor médio?
Há muito a sopesar nessa discussão. Eu, particularmente, não tenho peso na consciência em comprar da China e em indicar para clientes que usam tamanhos maiores, já que a essência do meu trabalho é fazer melhores escolhas para que a gente não precise de um guarda-roupa abarrotado e continue com a sensação de não ter o que vestir.
Seguimos refletindo.